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12 janeiro 2024
O Valuation é uma prática que consiste na mensuração de valor de empresas, negócios ou ativos de forma geral. Neste breve artigo exploraremos brevemente o conceito de Valuation, apresentando as principais abordagens metodológicas e algumas aplicações práticas no caso de avaliação de empresas.
Valuation: aplicações práticas mais comuns
A utilidade clássica do Valuation está na determinação de um referencial de valor para subsidiar compradores e vendedores em transações de compra e venda de empresas ou negócios. Esse referencial de valor atua como um guia, estabelecendo um “teto” para o comprador e um “piso” para o vendedor.
Além disso, o Valuation é uma ferramenta versátil, aplicável em uma variedade de situações, tais como: reorganizações societárias, abertura de capital (listagem em bolsa ou IPOs), fechamento de capital (OPA), captações de recursos via dívida ou via equity (emissão secundária de ações) e atendimento a exigências contábeis e tributárias (como na realização de testes de recuperabilidade de ativos, laudos de combinações de negócios, marcação a valor justo em fundos de investimentos em participações, etc.), entre outras finalidades.
Quais são as abordagens metodológicas utilizadas na elaboração de um Valuation?
São três as abordagens metodológicas que podem ser utilizadas na elaboração de um Valuation, e cada abordagem metodológica se desdobra em diversas metodologias ou métodos de avaliação, as quais têm suas particularidades, vantagens e desvantagens.
Conheça abaixo as abordagens metodológicas (e algumas metodologias) utilizadas na avaliação de empresas:
1. Income Approach (Abordagem de Renda)
Segundo esta abordagem, o valor de uma empresa é função de sua geração futura de benefícios econômicos. Em linhas gerais, o valor da empresa baseia-se no valor presente dos fluxos de caixa livre projetados ou dos dividendos projetados.
Geralmente aplicada a empresas maduras, a abordagem da renda é considerada uma metodologia mais “robusta”, pois ela pode envolver projeções detalhadas para as operações da empresa, tais como volumes de produção e vendas, preços de venda, custos operacionais e despesas operacionais, CAPEX, entre outras, que no final são consolidadas em projeções de demonstrações financeiras da empresa (demonstração de resultado, balanços patrimoniais, fluxo de caixa livre). Além disso, é possível a sensibilização de variáveis cruciais na modelagem financeira como o crescimento de vendas, preços de vendas, custos unitários, margem EBITDA, impostos, CAPEX, entre outras variáveis.
Na abordagem da renda, a metodologia mais difundida para avaliação de empresas é a do fluxo de caixa descontado (ou DCF), que pode ser desdobrado em algumas variantes, como o FCFF (fluxo de caixa da firma), FCFE (fluxo de caixa livre do acionista) e o DDM (dividend discount model ou modelo de desconto de dividendos, este muito utilizado na avaliação de bancos).
Há outras metodologias na abordagem da renda. Na avaliação de ativos intangíveis, por exemplo, é muito difundida a aplicação do Multiperiod Excess Earnings Method (“MPEEM”), utilizado para avaliação de carteira de clientes e contratos de concessão, por exemplo.
2. Market Approach (Abordagem de Mercado)
Essa abordagem se baseia em dados públicos de mercado ou de transações comparáveis para avaliação de empresas. Basicamente, há duas metodologias utilizadas na avaliação de empresas dentro da abordagem de mercado: a metodologia de múltiplos de transações comparáveis (que se utiliza de dados de transações comparáveis), e a metodologia de múltiplos de mercado (que se utiliza de dados públicos de empresas comparáveis).
Ambas as metodologias utilizam parâmetros como Valor da firma / EBITDA, Valor da firma / Receita, e Valor de mercado / Lucro (P/L) de empresas comparáveis ou de transações comparáveis para avaliar a empresa objeto da avaliação. Embora essa abordagem seja teoricamente eficiente em termos de praticidade e rapidez, também tem suas desvantagens: por exemplo, nem sempre se encontram dados de transações ou empresas realmente comparáveis, o que torna a difícil a correta aplicação da metodologia. Cabe ao avaliador selecionar corretamente a base de dados a ser utilizada, bem como os múltiplos a serem considerados.
3. Cost Approach (Abordagem de Custo)
A abordagem de custo, em geral, é utilizada quando não é aplicável nem a abordagem de mercado nem a abordagem da renda. Normalmente, é utilizada na avaliação de empresas pré-operacionais ou que não possuem expectativa de geração futura de caixa. Dito de forma simplificada, o valor da empresa corresponde nessas situações ao valor dos ativos a preço de mercado líquido do valor dos passivos.
Então, qual a melhor abordagem?
O objetivo do Valuation é fornecer uma estimativa do valor de uma empresa ou ativo. A escolha da abordagem metodológica e da metodologia mais adequada deve ser feita pelo avaliador considerando diversos fatores simultaneamente. No caso de avaliação de empresas, são diversos os fatores que determinam a abordagem metodológica e a metodologia mais adequada de avaliação, como, por exemplo: objetivos da avaliação, requisitos regulatórios aplicáveis ao caso, setor de atuação da empresa, estágio de maturidade da empresa e do negócio, e a quantidade e qualidade das informações disponíveis sobre a empresa e seu mercado de atuação.
Seja na tomada de decisões estratégicas, negociações comerciais ou cumprimento de requisitos legais, o Valuation pode desempenhar um papel crucial, e a escolha da melhor abordagem e execução correta do trabalho requer julgamento, qualificação e experiência por parte do avaliador.
Entre em contato conosco e descubra como o time da Mazars pode assessorá-lo na avaliação de sua empresa:
Artigo escrito por:
Kenzo Otsuka, sócio de Financial Advisory da Mazars Brasil
Haissam Andari, sócio de Financial Advisory da Mazars Brasil