Qualidade dos Lucros (QoE): porque isso é importante para as operações de M&A? 

No dinâmico mundo das Fusões e Aquisições (M&A), a promessa de crescimento e sinergias impulsiona negócios grandiosos. No entanto, a realidade é que uma parcela significativa das aquisições não entrega o valor esperado, e muitas vezes, as razões residem em uma compreensão superficial da saúde financeira da empresa-alvo (Target). Não basta olhar os números no papel, é preciso mergulhar fundo para entender sua verdadeira composição.  É aqui que entra a “Qualidade dos Lucros” (Quality of Earnings – QoE em inglês). 

O que é a Qualidade dos Lucros (QoE) em M&A 

Longe de ser apenas uma revisão contábil, a Qualidade dos Lucros (ou QoE) é uma análise forense que revela a sustentabilidade e a representatividade dos resultados financeiros de uma empresa. Ignorá-la pode significar comprar um “gato por lebre”, com consequências financeiras desastrosas no pós-aquisição. 

A QoE vai muito além da auditoria tradicional, que verifica a conformidade dos demonstrativos financeiros com as normas contábeis (como IFRS ou BR GAAP). A análise de Qualidade dos Lucros tem como foco a realidade econômica por trás desses números. Em essência, a análise de Qualidade dos Lucros busca responder quão consistentes, recorrentes e representativos são os lucros que a empresa gerou. 

O principal objetivo é “normalizar” o EBITDA (Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização). Isso significa ajustar os resultados para remover qualquer elemento que distorça a visão do desempenho operacional contínuo e futuro. Este EBITDA normalizado é a base mais confiável para a avaliação da empresa e para determinar um preço justo na transação. 

Principais aspectos de uma análise de QoE 

A análise de QoE é, por natureza, complexa, pois requer uma avaliação criteriosa de cada linha de receita e despesa. Entre os aspectos mais desafiadores, destacam-se: 

  • Ajustes de normalização: este é talvez o aspecto mais crítico e que mais exige julgamento. São identificados e removidos do EBITDA os itens não recorrentes, discricionários ou específicos dos proprietários atuais que não se manterão após a aquisição. Isso pode incluir despesas pessoais dos sócios registradas como custos/despesas da empresa, ganhos ou perdas pontuais da venda de ativos não operacionais ou contratos atípicos, ou custos extraordinários de litígios. Sem esses ajustes, o EBITDA reportado pode ser significativamente inflado, levando a uma superavaliação. 
  • Reconhecimento de Receita: não basta que a receita seja alta, ela precisa ser sustentável e genuína. As receitas são analisadas quanto ao seu critério de reconhecimento, além de se considerar se essa receita reflete a verdadeira performance comercial.  
    Isso envolve investigar se há vendas “empurradas” para o final do período, vendas excessivas para partes relacionadas ou políticas agressivas de reconhecimento de receita em contratos de longo prazo que podem não se concretizar. 
  • Análise de despesas e reflexos do capital de giro: é essencial ir além das despesas óbvias. As análises são realizadas procurando identificar custos ocultos ou subestimados, como provisões insuficientes para devedores duvidosos ou garantias de produtos, ou práticas de capitalização de despesas que deveriam ser operacionais.  
    Além disso, a qualidade do capital de giro é crucial. É necessário a avaliação da real recuperabilidade das contas a receber, a obsolescência dos estoques e a gestão das contas a pagar, pois uma gestão de capital de giro agressiva pode artificialmente inflar o caixa no curto prazo, mas não ser sustentável. 

Possíveis problemas vindos da não análise de Qualidade dos Lucros 

Ignorar uma análise de QoE aprofundada pode ter consequências para o comprador. A maior parte das surpresas negativas pós-aquisição, como a descoberta de passivos ocultos, a performance financeira inferior à esperada ou a necessidade de injeções de capital imprevistas, têm suas raízes em uma due diligence financeira deficiente. 

Imagine a seguinte situação: uma empresa é adquirida por um valor X, baseado em um EBITDA reportado robusto. Meses depois, o novo proprietário descobre que uma parte significativa desse lucro vinha de contratos únicos não renováveis, ou que despesas operacionais importantes dos antigos sócios estavam sendo “maquiadas”. O valor real do negócio adquirido, e, consequentemente, o retorno sobre o investimento (ROI), fica dramaticamente diluído. Cenários como esse não são raros e podem comprometer decisivamente o sucesso da transação. 

Como a Forvis Mazars pode apoiar você? 

Em um cenário onde cada detalhe financeiro conta, ter uma equipe de M&A experiente ao seu lado faz toda a diferença! Nossos especialistas em due diligence financeira empregam uma metodologia rigorosa e anos de experiência para desvendar as nuances do QoE. 

Ajudamos compradores a tomar decisões informadas e estratégicas, fornecendo uma visão clara do verdadeiro valor e dos riscos de uma empresa-alvo. Para vendedores, nossa análise pré-due diligence prepara o negócio para o processo, assegurando transparência e potencializando o valor de venda. 

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